Debate aponta que o maior desafio para o sindicalismo do setor de saúde no Brasil é o de lutar pelo acesso universal à saúde
O maior desafio para o sindicalismo do setor de saúde no Brasil é o de lutar pelo acesso universal à saúde. Aumentar o poder do setor e a taxa de sindicalização nos sistemas mais importantes do setor privado, criando alianças entre os sindicatos brasileiros com os de outros países. Esse foi o recado dado aos dirigentes sindicais da saúde gaúchos, do Paraná, Bahia e São Paulo reunidos na tarde de quarta-feira (09/12) pelo coordenador de campanhas da entidade sindical internacional Uni Global Union, Benjamin Parton.
No painel de abertura do “Seminário Internacional sobre Mudanças nos Sistemas de Saúde do Brasil e do Mundo”, ele também destacou a conjuntura existente no setor no mundo, que abriga, segundo ele, uma enorme pressão sobre o sistema de saúde: mais enfermidades crônicas, uma população cada vez mais envelhecida, o avanço das tecnologias e um grande programa de austeridade no setor público.
Referindo-se às desigualdades, mencionou o fato de que 20% da população mundial investe o total de 82% de todos os gastos em saúde do planeta. Benjamin também revelou que a taxa de crescimento do setor que no Brasil deve chegar a 8,5% até 2018, terá melhor desempenho (10%) na Argentina e Venezuela, chegando a um índice ainda melhor mesmo na Índia, com 15,8%.
“É num quadro de crise global como está ocorrendo no setor que aumenta a oportunidade para as multinacionais privadas ingressarem no setor”, ressaltou.
Segundo o antropólogo Guillermo Raul Ruben representante do observatorio do sindicato na saúde Argentina ( OSINSA ), pertencente à Federação de Trabalhadores da Argentina de Saúde ( FATSA ) o ingresso do capital especulativo na saúde pressiona mais as entidades nos países onde existe uma baixa taxa de sindicalização. Ele exemplifica citando o Equador, onde apenas 2% dos trabalhadores são sindicalizados; o Perú (5%) e a Colômbia (7%). Na América do Sul, a Argentina é que aponta o maior percentual (47%), seguida pelo Uruguai e Bolívia (ambos com 25%), do Brasil (18%), Chile (14%), Venezuela (13%) e do Paraguai (10%).
Nos próximos cinco anos haverá uma grande aceleração no campo da medicina, com o aparecimento de tecnologias de diagnóstico e medicamentos de última geração que deverão quebrar todos os paradigmas. A análise foi de Carlos West Ocampo, presidente Mundial da UNICARE – Sindicato Global para o seguro e cuidados de saúde que reúne 85 entidades.
Este quadro deverá se refletir fortemente sobre o sistema de seguridade social em todo o mundo, avaliou. Para ele, a medicina preventiva, dando um salto, aumentará a expectativa de vida, mas em contrapartida os valores que deverão bancar esse salto não poderão ser suportados pelos sistemas de saúde. Por outro lado, será exigida cada vez mais uma maior especialização dos trabalhadores.
West Ocampo disse que um dos caminhos para enfrentar esse cenário será o de repensar o sistema de seguridade, repensando as realidades sem perder de vista a situação do trabalhador da saúde, impedindo o retrocesso dos seus benefícios. “Não devemos nos deixar derrotar pelos avanços tecnológicos e pelos humores da política”, advertiu.
Ele desafiou as Federações dos Trabalhadores da Saúde do RS, PR e de SP a enfrentarem as mudanças de olho em dois temas que considera interligados: educação e saúde. Para ele, os sindicatos também têm a missão de capacitação para impedir que milhares de trabalhadores caíam fora do sistema.
Também participa do evento Jocélio Drummond, secretário regional da ISP Américas – Internacional de Serviços Públicos – entidade que representa 20 milhões de trabalhadores do setor público.
O Seminário segue na quinta-feira (10/12) com o tema A Entrada do Capital Internacional e o Crescimento do Investimento no Setor Privado no Brasil. Também será discutida a elaboração de um plano de trabalho para o setor da saúde privada.
O evento, que ocorre na Casa dos Capuchinhos (Bairro Santo Antônio) em Porto Alegre (RS) é uma realização da CNTSS/CUT – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social, contando com a presença de seu presidente, Sandro Alex de Oliveira Cezar e do secretário de Finanças da CUT Nacional, Quintino Severo.
A presidenta do SINDISAÚDE de Passo Fundo, Terezinha Perissinotto e a diretora Eva Ribeiro Soranço participam do encontro.
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